Viticultura mundial enfrenta uma ‘nova filoxera’

Cerca de cem pessoas assistiram à palestra de Maria Cecilia.Crédito – Giovani Capra/Embrapa Uva e Vinho

A viticultura mundial enfrenta uma ‘nova filoxera’ – praga que, no final do século XIX, dizimou vinhedos na Europa. Quem ocupa a posição de inimigo maior dos produtores de uva na atualidade, em todo o mundo, em uma dimensão alarmante, são as doenças do lenho da videira (conjunto de moléstias que inclui a podridão-descendente, o ‘pé-preto’ e o ‘chocolate’, entre outras). O alerta foi lançado na manhã, 23 de janeiro, em palestra na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), pela pesquisadora portuguesa Maria Cecilia Rego, especialista de reputação mundial em tais doenças. “Um colega australiano, de renome internacional – a ponto de ser reconhecido como o ‘guru’ da viticultura mundial –, Richard Smart, já usou esse conceito: as doenças do lenho são a nova filoxera da videira”, segue Maria Cecilia. Mais de cem pessoas, entre agrônomos, técnicos agrícolas e enólogos, assistiram à apresentação da pesquisadora.
De acordo com a especialista, a preocupante disseminação das doenças do lenho tem sua origem nsignificativo incremento das áreas de cultivo de parreirais, ou de sua renovação, tido nas últimas décadas. “A demanda provocou um grande aumento na produção de mudas, feita ‘às pressas’, sem os devidos cuidados, de modo que plantas não-sadias foram difundidas pelo mundo inteiro”, explica Maria Cecilia.
Ela diz que o caminho para enfrentar o problema representado pelas doenças é a adoção de uma série de práticas preventivas. Essas incluem o arranquio e a queima de restos culturais e de plantas doentes, a utilização de material vegetativo (mudas e porta-enxertos) de boas procedência e qualidade sanitária e a proteção, com pastas fúngicas, dos ferimentos eventualmente causados durante a poda. Recomenda-se ainda, observam Maria Cecilia e o pesquisador em fitopatologia e chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Lucas Garrido, o uso de agentes biológicos, como o trichoderma, para a proteção de lesões na videira.

Por: Giovani Capra/Embrapa Uva e Vinho

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