118 anos de Antônio Prado: Território do município é dividido em Linhas

Foto: reprodução Arquivo Histórico Municipal de Caxias do Sul
Primeiro mapa do território de Antônio Prado,  Flores da Cunha,
Nova Pádua e Nova Roma do Sul


Antônio Prado comemora no dia 11 de Fevereiro seus 118 anos de município. Quando, em 1899,  houve a emancipação, a cidade pradense  tinha como limites: ao norte o município de Vacaria; ao sul e leste o rio das Antas, e desde a barra do rio da Prata até a do São Marco, e oeste os rios da Prata e Turvo, conforme consta no decreto nº 220, de 11 de fevereiro de 189, assinado pelo então governador Antônio Augusto Borges de Medeiros.
Voltamos a época da colonização de  Antônio Prado. Por volta do 1886 as terras pradense começaram a ser habitadas por Poloneses e Italianos, mas para o assentamento  desses imigrantes o Governo nomeou uma comissão formada por engenheiros, agrimensores, topógrafos. Este grupo chamado de Comissão da Terra e Medição de Lotes fazia parte da Inspetoria Geral de Terras. Esta, localizada em Porto Alegre, e a outra mantinha um local sede em Caxias (hoje Caxias do Sul), com um chefe e os demais realizavam o trabalho junto a Colônia de Antônio Prado. No arquivo publico Municipal de Caxias do Sul, encontram-se a maioria dos documentos – ofícios, circulares e cartas, enviadas entre eles, inclusive cópia do primeiro mapa (veja ao lado) da colônia de Antônio Prado, separado por linhas, que eram separadas por lotes para serem vendidos as famílias imigrantes.
No total Antônio Prado está dividido em 22 linhas, que receberam seus nomes dos próprios integrantes da comissão, os quais  homenageavam chefes, engenheiros da comissão da Terra,  vultos gaúchos e brasileiros, ou datas que marcaram momentos importantes  da história local ou da Republica.  Conforme o artigo escrito por Claudino Tieppo, no Livro Antônio Prado, cidadã histórica publicado em 1899, os nomes das linhas “relembram os heróis defensores do Rio Grande do Sul, com o fim de perpetuar sua memória, algumas linhas, localidades, receberam nomes de vultos gaúchos.”
No livro Antônio Prado, história viva de um povo, publicação da administração municipal de 1983 a 1988,  do prefeito Valner José Borges e Vice-prefeito Idílio Pasuch, relata que o 1º Distrito, ou seja, Antônio Prado era composto por 15 Linhas: Gumercindo, Silva Tavares, 10 de julho, Almeida, 2 de julho, Trajano de Medeiros, Odorico Mendes, Guerra, Cândida, Mimosa, 21 de Abril, Amarílio, Camargo, Cavour e Garibaldi, não constando a Linha Blesmann  que sua seu maior território pertence a Nova Roma do Sul, e nem as Linhas 30 e Linha 40, pois estas estas localizações se referem a implantação da Capela, ou seja onde a Igreja foi construída. Em pesquisa realizada nos livros Tombo (livro de registro da Paróquia) os párocos da paróquia referiam as essas comunidades da seguinte maneira. “Em 2 de setembro de 1892, foi benta  a Capela Nossa Senhora de Caravaggio Nº 30 da Linha Cândida”  (livro nº1). Esse numeral ente o nome da capela e a  nome da linha, anos depois passou ser escrito como Linha 30,  ou Linha 40 mas o número segundo Padre Décio Podenski se refere ao número do lote.

Antônio Prado dividido em linhas. mapa de 1989. 


As linhas desconhecidas
É provável que as linhas Odorico Mendes  e  Garibaldi você não tenha ouvido  se quer falar.  A Linha Mimosa talvez as pessoas com mais idade lembram, ou tiveram  alguma menção.  As linhas são parte da história da criação de Antônio Prado. Via pesquisa a livros e documentos buscamos encontrar de onde vem a denominação das linhas. Veja a seguir.
Linha Almeida
Não encontramos registro, mas duas hipóteses surgiram:  Esta poderá ter recebido este nome em homenagem  Domingos José almeida conhecido como o “Estadista da República Riograndense”. Ou em homenagem ao  Engenheiro chefe da comissão da Terra João Severino ribeiro de Almeida Taques.
Fazem parte desta linha, as capelas Nossa Senhora de Caravaggio, Caravagginho,  Capela Nossa Senhora das Graças e a Capela Nossa Senhora da Conceição-Borgo Forte.  

Linha Silva Tavares
Recebeu o nome em homenagem ao Barão de Itaqui. Gaúcho, brigadeiro do Exército brasileiro. Segundo dados obtidos junto a Biblioteca pública, a presença do nome de João Nunes Silva Tavares na linha de Antônio Prado se deve “a seu prestígio pessoal como militar na época”. Pertencem a essa linha as comunidades de Nossa Senhora da Saúde,  Capela de São José e Capela de São Valentin.

Linha 10 de Julho
Registra a data de inauguração da  primeira capela católica  construída em Antônio Prado.  10 de Julho foi inaugurada a  primeira igreja da Capela de São Roque, construída em 1887, por vários imigrantes que se instalaram nessa linha. Pertencem a essa linha a comunidade de São Roque e  Santa Líbera.

Linha Gomercindo ou Gumercindo
O nome homenageia o lutador Gumercindo Saraiva, coronel que se pôs à frente da luta federalista, junto com Silva Tavares. Pertencem a essa linha a comunidade de Santo Antônio e a Capela São Paulo, ambas são atendidas pela Paróquia de Ipê.

Linha 2 de Julho
Não podemos afirmar, mas uma luta encadeada na Bahia, teve maior acirramento entre março e julho do ano seguinte após a independência do pais,  culminando então com um embate definitivo na Bahia ocorrendo ali a definitiva expulsão dos portugueses do Brasil. Esse episódio ficou conhecido como a luta pela Independência da Bahia quando, na realidade, o país estava sendo libertado dos portugueses.  Conforme Vladimir Guzzo, “Por conta disso, 2 de julho aparece em muitas cidades brasileiras também com nomes de praças. Creio, isso eu não posso afirmar com segurança, que a Capela recebeu essa denominação pela estrada que passa nas proximidades.” Esta  Linha é a que mais possui capelas em sua extensão: São: Capela de Santa Lúcia, Capela Nossa Senhora do Carmo, Capela Nossa Senhora da Saúde, Capela Santo Antônio, São Caetano Rio da Prata,  Distrito de Santana.

Linha Trajano de Medeiros
Em homenagem a Trajano Viriato de Medeiros, auditor de guerra e desembargador da Relação Gaúcha e era o  proprietário da colônia de Deodorópolis, que deu origem ao atual município gaúcho de Dois Lajeados.  O maior parte territorial da linha está localizado no município de Nova Roma do Sul. Com a divisão, a Capela São Pedro, pertencente a essa linha, está localizada no município pradense.

Linha Blessmann
Homenageia o Agrimenssor João Blessman  que atuou no aperfeiçoamento das estradas coloniais e nas ferrovias no Rio Grande do Sul. Essa linha segue a situação da Linha Trajano. No território pradense  está apenas a capela de Monte Bérico. A comunidade pertence a Paróquia de Nova Roma do Sul.

Linha Odorico Mendes
Jornalista e Político brasileiro que teve atuante influência no Ministério estrangeiro. Não encontramos nenhum registro que enfatiza-se o motivo de uma linha receber o nome do escritor e tradutor. A linha é uma das menores e somente uma comunidade-capela faz parte de seu território. A  Capela Santo Antônio, famosa por ter sido cenário do filme “O Quatrilho”. Segundo dados da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, não há moradores estabelecidos nesta comunidade.

Linha Guerra
Homenageia o engenheiro Francesco Jasmim da Silva Guerra. Ele foi o administrador da comissão de terras. Trabalhou com especial interesse pela continuidade da colonização, tendo se destacado como benfeitor da colônia de Antônio Prado. Faz parte desta  a Comunidade de São Caetano.

Linha Dona Cândida
Não encontramos aquém se refere o nome Dona Cândida. Nos arquivos nacionais a única mulher a qual poderia se referir é a  Santa Cândida, esposa do presidente da Província do Paraná, Adolfo Lamenha Lins.  Mas poderá ser referente a alguma mulher que vivia na região. 
Pertencem a Linha Cândida, as Capelas de São Jorge e Capela São João.

Linha 30 e Linha 40
Ambas se referem a localização da capela.  A Capela  Nossa Senhoras das Dores Linha 40 hoje está desabitada. A imagem foi transferida para um capital.
A Capela Nossa Senhora de Caravaggio da Linha 30 pertence a Linha Dona Cândida.

Linha Mimosa
Esta linha, atualmente é conhecida como Linha Schiochet. O nome inicial de Mimosa, não encontramos registros. Já o segundo, conforme Virgílio Bortolotto, Seu Nilo, a comunidade passou a  ser chamada Schiochet por  haver na localidade um grade número de famílias com este sobrenome.   

Linha 21 de Abril
Data consagrada para horar a figura da separação do Brasil de Portugal, Joaquim da Silva Xavier - o Tiradentes. Executado em 21 de abril de 1792.  A data confirma-se pela sua referência a Tiradentes pelos moradores de Antônio Prado. conforme escreve Fidélis Dalcin Barbosa  no livro: Antônio Prado e Sua história.  “.. a capela de Nossa Senhora de Monte Bérico da Linha 21 de Abril,  Povoado conhecido como Tiradentes.
Pertencem a esta linha, as capelas de Monte Bérico, também conhecida como Zona Beltrame, que é  sede do Terceiro Distrito de Antônio Prado e Nossa Senhora do Rosário – 21 Alto.

Linha Camargo
Não podemos afirmar, mas seguindo-se que muitos nomes das Linhas são referência engenheiros e vultos gaúchos, a linha Camargo, também pode ser em homenagem ao Engenheiro e Conselheiro do Império Antônio Eleutério de Camargo. Mas conforme o livro Caminhos da Fé o nome é porque na estrada, perto da ponte, morava uma família de sobrenome Camargo.  Pertence a esta linha a Capela Sagrado Coração de Jesus.

Linha Amarílio
Não conseguimos encontrar  a quem se refere o nome.  Pertence a esta, a Capela Nossa Senhora de Caravaggio e está sob a jurisdição da Paróquia de Ipê.

Linha Cavour
É uma homenagem ao Conde de Cavour. Italiano que ocupou o cargo de primeiro-ministro do Reino de Itália no ano de 1861. Nenhuma obra consultada apresentou referência a este, mas segundo o pesquisador Fernando Roveda a referência a conde está correta. Fazem parte desta linha: A capela de Santo Isidoro pertencente a Paróquia de Antônio Prado e a capela Nossa Senhora da Saleta – mais conhecida como Capela da Salete, a qual pertence a Paróquia de Ipê.

Linha Garibaldi
O nome homenageia a Giuseppe Garibaldi, conhecido "herói de dois mundos", devido à sua participação em conflitos na Europa e na América do Sul. Uma das mais notáveis figuras da unificação italiana. Na época de sua povoação, consta no livro Tombo da Paróquia de Antônio prado que havia uma capela localizada na linha. Atualmente não há capela instalada na área.

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