Foto: reprodução Facebook |
"O universo artístico entrou cedo na minha vida. Com nove anos, planejava minha estreia na literatura, com o lançamento de um livro de contos. Depois, foram o contato com as artes visuais (os presentes que recebia de minha mãe eram os livros da série “Mestres da pintura”), o teatro, a aprendizagem e a troca de experiências com artistas locais. Mais tarde, o curso universitário propiciou-me um contato mais profundo com a teorização sobre arte, pelo convívio com educadores, pesquisadores e artistas das mais diversas áreas.
Comecei na adolescência a escrever sobre as particularidades de minha terra natal, Antônio Prado, RS, meus sonhos e inquietações, tendo participado de coletâneas e recebido premiações pelos meus poemas. O gosto pelo ato de escrever me levou a trabalhar como editora, repórter e revisora de textos em jornais da região.
Fiz incursões, também, pelo universo do teatro de bonecos, trabalhando como atriz/manipuladora, figurinista e responsável pelo cenário de um espetáculo com o qual percorri escolas de toda a Serra Gaúcha, apresentando peças de cunho educacional.
Mas as artes visuais me fascinavam. Comecei, então, a produzir, inicialmente sob a orientação da artista plástica Neusa Welter Bocchese. Tempos depois, tornei-me sua colega no Atelier de Artes Visuais de Antônio Prado (ARVI). Portanto, as aulas no Atelier, o convívio com seus artistas e as inúmeras mostras realizadas pelo grupo; o tombamento das casas de Antônio Prado; as visitas ao acervo do Museu Municipal – todo o clima artístico e cultural em que eu vivia, enfim – foram referenciais para que continuasse educando meu olhar com relação à cidade, à arte e à poesia. Aliás, o simples caminhar nas ruas desta cidade, onde o antigo convive com o contemporâneo, que, aos poucos, vai se integrando ao cenário urbano, reforçou tal processo.
Hoje, cursando o Doutorado em Letras pelo Programa de Doutorado em Letras – Associação Ampla UCS/UniRitter, na Linha de Pesquisa Leitura e Processos Culturais, entro em um universo novo. Se antes, como artista visual e professora do Centro de Artes e Arquitetura da UCS, meus estudos eram focados nas produções de arte e seus artistas e em pesquisadores que tratavam da leitura de imagens, agora busco na Literatura, não somente as obras de escritores e poetas, mas os estudos de pesquisadores que trazem a imagem como narrativa e que discutem sobre as transformações ocorridas desde a origem da escrita à prática da leitura direcionada inicialmente à elite e aos homens à ampliação de possibilidades de apropriação dos textos escritos e visuais tendo como suportes o corpo, os espaços da cidade, incluindo praças, ruas e galerias de arte. Também me aproprio de autores que abordam a memória como registro das lembranças e a escrita como objeto do discurso para dizer o que não é possível falar com palavras. Posso afirmar que todas essas leituras vêm contribuindo não somente com o corpus de minha tese, mas tomando emprestadas as palavras de Todorov (2012), tem me ajudado a viver."
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