Artigo: Mobilidade urbana nas cidades turísticas, basta fazer para turista aceitar

Foto: Ilustrativa 
A mobilidade urbana de uma cidade turística é vista como um problema a ser enfrentado pela quantidade de pessoas que circulam em um curto espaço de tempo e de forma muito intensa. Esta mesma mobilidade urbana passa a ser solução quando enfrentada de forma diferente da convencional – das cidades sem vocação turística. A crença está em entender o comportamento dos deslocamentos do turista, da resposta a esta demanda na oferta de serviço de transportes pelo poder público e sob a autorização deste, do serviço privado.

Na mobilidade urbana estudamos a relação espaço/tempo determinada por uma série de condicionantes. Na vocação turística, a relação de espaço (perto e longe) dentro das cidades é vivenciada da seguinte maneira: perto, no comportamento “a vontade” do turista, naquele deslocamento livre, ideal para ser realizado do modo a pé ou não motorizado (bicicleta); longe, no sentimento de conhecer aquele lugar, desperta o interesse sem apropriação, ou seja, caracteriza pelo modo de deslocamento motorizado, podendo ser privado ou público, coletivo ou individual. Já para o tempo o indicador é ambivalente, mas simples: para os deslocamentos, o mínimo de tempo possível; para a permanência, o maior tempo desejável.

O interessante dessa percepção é saber que a “gestão destes deslocamentos” do que será permitido ou não é realizada pelo poder público, que deve compreender que ao planejar a “mobilidade urbana” para o turismo, o “turista” está sempre em movimento, parece que nunca chega, porque quando chega já sai, não criando laços com o lugar. Este tipo de comportamento é muito diferente do da mobilidade planejada e discutida nas cidades “convencionais”, na qual o estudo da mobilidade urbana tem regras e metodologia definidas. Neste tipo de cidade as regras são planejadas da origem ao destino, principalmente na relação casa, trabalho, estudo, compras/consumo. Na “mobilidade urbana” das cidades turísticas não há regras, ou seja, os deslocamentos geram sucessivas e diferentes experiencias e sentimentos.

Assimilando isso, é possível irmos para a solução que propõe hierarquia no espaço público, na rua, deixando maiores espaços de convivência e não de passagem, nas áreas mais perto (sob a percepção do usuário) – aos deslocamentos a pé e de bicicleta bem como ao transporte coletivo, que nem sempre e público. Por outro lado, o que é mais longe (sob a percepção do usuário) planejaríamos o transporte motorizado individual ou coletivo, restringindo ao máximo o deslocamentos do automóvel privado, migrando para o automóvel público em sistema de car share e investindo ao limite na integração dos diferentes modos em áreas especificas.

O comportamento do ser humano como turista é bem diferente do comportamento do ser humano como morador. O primeiro é mais aberto, afável, receptível às mudanças e propostas. Logo, as medidas de mobilidade adotadas para os turistas também contemplarão os moradores. As cidades turísticas têm tudo para realizar o que precisa e resolver o que é necessário. Basta fazer que o turista vai aceitar!

Arquiteto Urbanista Vinicius De Tomasi Ribeiro

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