Estado é certificado pela OIE como área livre de Peste Suína Clássica

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O Rio Grande do Sul recebe nesta quinta-feira (28), em Paris, da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o certificado de área livre de Peste Suína Clássica (PSC). É a primeira vez que a organização vai reconhecer zonas e países livres da doença. Até então, a certificação era feita pelos próprios países, com normas estabelecidas internamente. O governador José Ivo Sartori e o secretário da Agricultura, Ernani Polo, participam do ato de entrega, que ocorrerá durante a 83ª Assembleia dos Delegados da OIE, aberta dia 24. Santa Catarina também receberá a certificação.

Os dois estados do Sul respondem por 70% das exportações brasileiras de carne suína. Só no Rio Grande do Sul, a cadeia movimentou, em 2014, mais de R$ 13 bilhões. Mais de 30% da produção vai para o mercado internacional.

As enfermidades certificadas pela OIE são utilizadas como normatização pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Assim, de acordo com o presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Rogério Kerber, o status obtido pelo Rio Grande do Sul representa uma garantia adicional de sanidade. Essa condição deverá induzir países importadores a preferirem os estados brasileiros que já obtiveram o reconhecimento internacional.

Para obter o status, Rio Grande do Sul e Santa Catarina atenderam a uma série de critérios estabelecidos pela OIE, examinados por um comitê técnico. O relatório produzido por autoridades do setor foi remetido ao Conselho Deliberativo da organização.

Erradicação

Desde 1991, não há registro da PSC no Rio Grande do Sul. A atuação conjunta do poder público e da iniciativa privada proporcionou avanço no controle e na erradicação da peste. O Rio Grande do Sul foi uma das primeiras unidades da federação a serem reconhecidas nacionalmente como áreas livres.

A vacinação foi suspensa em 1992 e se iniciou então o processo de erradicação. A PSC é uma doença viral, de notificação compulsória. Em animais jovens, a taxa de mortalidade pode chegar a 90%. Já em exemplares mais velhos, a doença pode se apresentar de forma mais discreta ou até ser subclínica. Entre os sintomas, estão febre alta, leucopenia severa (contagem de leucócitos abaixo do normal), hemorragias e dificuldade de locomoção.

Contudo, assinala Kerber, a febre aftosa representa ainda um grande travamento para a suinocultura gaúcha. Embora a última ocorrência da doença em suínos no RS tenha sido em 1993, com animais adquiridos para abate vindos do Paraná, o setor sofre com a alegação de risco porque ainda vacina o gado contra a moléstia.

Atualmente, o Rio Grande do Sul é considerado zona livre da doença com vacinação. Desde 2002, porém, não há circulação viral no Estado. Grupos de trabalho do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) e do Fundesa avaliam de forma criteriosa a possibilidade de o Rio Grande do Sul avançar no status sanitário para zona livre sem vacinação - condição já alcançada pelo estado catarinense.

Gabriela Alcantara e Eliane Iensen/Palácio Piratini

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