Reconhecida a Indicação de Procedência Farroupilha para vinhos finos moscatéis


Presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI),
Luiz Otávio Pimentel,
no momento da entrega ao presidente da Afavin, João Carlos Taffarel,
do certificado que reconhece a IP Farroupilha, para vinhos finos moscatéis
As vinícolas integrantes da Associação Farroupilhense de Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados (Afavin) já podem usar o selo numerado que identificará cada garrafa e escrever em seus rótulos a expressão “Indicação de Procedência – Farroupilha”. A concessão ocorreu  a partir da solenidade de entrega do certificado de registro da mais nova Indicação Geográfica (IG) de vinhos do país, a Indicação de Procedência (IP) Farroupilha para vinhos finos moscatéis, outorgado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) à Afavin, nesta terça-feira, dia 27 de outubro.  O acontecimento histórico para o município de Farroupilha foi antecedido por missa de agradecimento, celebrada pelo Padre Gilnei Fronza, no tradicional Santuário de Caravaggio, principal referência e ponto turístico do município.
    Cerca de 250 autoridades, empresários do mundo do vinho,  entidades ligadas ao setor vitivinícola, viticultores, comunidade e imprensa acompanharam a celebração da nova Indicação Geográfica, que pode ser traduzida como uma opção concreta para qualificar e especializar o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, por meio de uma nova geração de produtos de qualidade ligados à origem de produção, para atender aos mercados nacional e internacional.
    Em seu pronunciamento, o presidente da Afavin, João Carlos Taffarel, lembrou das diversas etapas do processo de estruturação da IG, iniciado em 2005, com a criação da Associação e culminando com momento do recebimento do certificado. Taffarel destacou que a região de Farroupilha possui produtos genuínos, focados, legítimos e, possivelmente, merecedores de uma futura Denominação de Origem. “Queremos colocar na mesa do consumidor produtos bem elaborados, com tipicidade, agradáveis de serem consumidos e dignos do signo distintivo que estamos recebendo”, resumiu. Finalizou o discurso projetando a amplitude dos resultados que a conquista irá conferir para a vitivinicultura farroupilhense. “Talvez não consigamos num cenário de 50 anos colher todos os frutos da semente plantada hoje”, enfatizou.
    O chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Celso Zanus, reforçou que a Indicação Geográfica agora constituída pela Afavin representa muito para os vinhos do Brasil, mas reconheceu que é somente através do esforço coletivo de médio e longo prazo que a região poderá colher de forma crescente os frutos deste trabalho. “Renovo à disposição da Embrapa Uva e da rede de parceiros envolvidos na conquista da  indicação geográfica para cooperar nas ações que se sucederem”, pontuou Zanus.
    Waldyr Stumpf Júnior, diretor executivo de Transferência de Tecnologia da Embrapa,  destacou e saudou os viticultores pelo seu papel na conquista deste marco. “A Indicação de Procedência nos dá a certeza de que dentro daquela garrafa de vinho nós temos pessoas, temos conhecimento, compromisso com a qualidade do produto”, evidenciou. Encerrou seu pronunciamento desejando “Vida longa para a IG de Farroupilha”.
    Já o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Luiz Otávio  Pimentel, destacou que não se trata de uma conquista de um ano do processo no INPI ou dos 10 anos da Afavin, mas sim uma conquista que vem dos antepassados, que vieram da Itália e chegaram aqui. “Ao falar em Indicação de Procedência estamos falando de tradição, de cultura, de perseverança, de agricultores e empresários que fizeram deste produto a sua identidade”, destacou. Finalizou comentando que o interessante é abrir uma garrafa deste vinho no Rio de Janeiro ou em outro local e sentir o gosto, o aroma do vinho e ser transportado para essa região maravilhosa, com seus agricultores acolhedores.
    O presidente da Fepagro, Adoralvo Schio, recebeu como missão do Governador  do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori,  trazer o seu abraço e parabenizar o esforço da comunidade de Farroupilha, através da Afavin. “Uma conquista importante para o município e para  a comunidade viticola do RS”, destacou.
    Encerrando os pronunciamentos, o prefeitto de Farroupilha, Claiton Gonçalves, destacou a conquista como sendo fruto do trabalho iniciado pelos imigrantes italianos. “É um momento especial para a administração pública de Farroupilha. Essa conquista representa mais que um indicação geográfica, representa e conta a nossa história”, sentenciou.
    Após os pronunciamentos, ocorreu a entrega dos certificados de registro às vinícolas associadas à Afavin pelas autoridades presentes e participantes do Projeto de pesquisa que norteou a conquista da Indicação. Na sequência, os convidados participaram de almoço no local.

Reconhecimento ao trabalho da pesquisa
O engajamento e a liderança da Embrapa foi reforçado na fala das autoridades durante o evento. O trabalho visionário e pioneiro do pesquisador  Jorge Tonietto, começado há 20 anos, foi relembrado por diversas autoridades. Ele foi denominado como ícone e incentivador na matéria e um dos maiores experts do Brasil e do mundo no assunto.

A Indicação de Procedência Farroupilha para vinhos finos moscatéis
Poderão utilizar a expressão “Indicação de Procedência – Farroupilha” as vinícolas associadas à Afavin. São elas Adega Chesini, Basso Vinhos e Espumantes, Cooperativa Vinícola São João, Vinhos Don Giusepp, Cave Antiga Vitivinícola, Vinícola Cappelletti, Vinícola Colombo, Vinícola Perini e Vinícola Tonini.
A IP Farroupilha possui uma área geográfica de 379 km2, contemplando todo o município de Farroupilha, que representa 99% desta área delimitada, e incluindo também pequenas áreas contíguas ao município de Farroupilha, em Caxias do Sul, Pinto Bandeira e Bento Gonçalves (veja desenho abaixo).
A IP Farroupilha possui a particularidade de ter, no interior da área geográfica delimitada, uma Região Delimitada de Produção de Uvas Moscatéis (RDPM), centrada na região tradicional produtora das uvas moscatos. A RDPM possui 129 km2 e dela deverão ter origem pelo menos 85% das uvas para os vinhos da IP Farroupilha.
A principal variedade é a tradicional Moscato Branco, historicamente cultivada no município. Esta variedade não é encontrada em outras regiões produtores fora do Brasil.
As outras variedades autorizadas são todas moscatéis, incluindo: Moscato Bianco, Malvasia de Cândia (aromática), Moscato Giallo, Moscatel de Alexandria, Malvasia Bianca, Moscato Rosado e Moscato de Hamburgo.
Poderão ser elaborados os seguintes vinhos finos: Moscatel Espumante, Vinho Fino Branco Moscatel, Vinho Frisante Moscatel, Vinho Licoroso Moscatel, Mistela Simples Moscatel e Brandy de vinho moscatel.
As atividades em busca da IP começaram em 2005, com a criação da Afavin. Na sequência, diversas ações foram desenvolvidas, mas a iniciativa ganhou força no ano de 2009 com a aprovação do projeto de Desenvolvimento e Estruturação da Indicação Geográfica, sob a liderança da Embrapa Uva e Vinho, na figura do coordenador-geral do projeto de desenvolvimento de Indicações Geográficas de vinhos finos e espumantes da Serra Gaúcha, pesquisador Jorge Tonietto. O projeto envolveu uma equipe de pesquisadores experientes das diferentes instituições. Além da Afavin e da Embrapa Uva e Vinho, participaram do projeto a Embrapa Clima Temperado, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade de Caxias do Sul (UCS). Também apoiaram a iniciativa o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o INPI, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e a Prefeitura Municipal de Farroupilha. O encaminhamento jurídico do processo de reconhecimento foi feito pelo escritório Barcellos Marcas e Patentes.

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