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A avaliação envolve a produção de 55 municípios, principalmente da região de Caxias do Sul, mas também alguns das regiões de Passo Fundo e Lajeado. Conforme o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini, a maturação e colheita de todas as espécies estão antecipadas em média em 20 dias nesta safra, devido às condições climáticas.
Ao contrário de 2016, que teve um dos melhores invernos da história para a fruticultura de clima temperado (530h), 2017 registrou apenas 188 horas de frio abaixo de 7,2 oC em Bento Gonçalves, segundo dados da Embrapa Uva e Vinho, bem abaixo da média histórica (410h). Essa condição, somada à baixa precipitação e temperaturas bastante altas no mês de setembro, contribuiu para a aceleração do ciclo (brotação e florescimento) da maioria das espécies, tendo considerável percentagem de gemas vegetativas e floríferas cegas (inativas) ou de baixo vigor. E com o retorno de baixas temperaturas nos meses de outubro e novembro, o florescimento e o pegamento de frutos de diversas espécies foram afetados. Outro fator natural que resultou no baixo pegamento de frutas foi a a alternância fisiológica, ou seja, a alternância na produtividade da planta entre safras sucessivas. A alta produção de frutas na safra passada impôs um consumo de nutrientes além do potencial de reposição da planta, deixando-a exaurida para o ciclo seguinte, explica Todeschini.
Ainda de acordo com o agrônomo, as baixas temperaturas noturnas, frequentes na primavera, ocasionaram a diminuição do ataques de pragas, principalmente da mosca das frutas, bem como da incidência de fitopatias. Além disso, as precipitações abaixo da média favoreceram a manutenção da sanidade das frutíferas. Já o granizo ocorrido nesse período pouco afetou a produção de frutas.
Apesar de uma safra 20% menor em relação à de 2016/2017 na totalidade das espécies, Todeschini ressalta que a cada ano o manejo imprimido aos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se em aumento de produtividade ou, no caso desta safra, na redução das perdas. A prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazo é o uso de plantas de cobertura (proteção) do solo, reduzindo grandemente o uso de agroquímicos e as perdas de solo, nutrientes e água, conclui.
Estimativas para cada espécie:
Videira
Estimativa de produção dentro da média, ou seja, 720.000 t, englobandotoda a fruta com propósito comercial, ou seja, transformação industrial ou doméstica, e a de consumo in natura. Maturação/colheita antecipada em média 20 dias. Variedades superprecoces e precoces sendo colhidas, com ótima sanidade das bagas. Plantas com raros casos de infecção por Míldio/Mufa, mantendo os vinhedos, até o momento, com ótima sanidade.
Macieira
Estimativa de produtividade um pouco abaixo da média histórica. Florescimento e enfolhamento deficientes, podendo interferir no calibre final da maçã. Friagens de outubro e novembro afetaram o potencial produtivo nos macieirais implantados em locais mais frios. Frutífera ainda sob a prática cultural do raleio manual e com boa sanidade.
Pessegueiro
Florescimento normal, porém houve considerável percentagem de abortamento de frutos por efeito de friagens tardias e/ou deficiência nutricional devido ao baixo enfolhamento dos pessegueiros (gemas cegas). Plantas com boa sanidade e praticamente com ausência de pragas, principlamente a mosca das frutas. Produtividade menor que a média, com frutos de calibre abaixo da média.
Ameixeira
Espécie fortemente dependente de polinização cruzada (entre diferentes cultivares), apresentou florescimento escasso e pegamento deficiente. Também mostrou forte alternância, refletindo-se em produção escassa. A alternância de produção da ameixeira é fato comum na região. Porém, as frutas colhidas são de ótima qualidade e calibre. Ausência de pragas e fitopatias.
Caquizeiro
Alternância marcante pela alta produtividade da safra anterior, mostrando pouca frutificação nesta. Muito provavelmente o calibre ficará acima da média. Essa condição tem efeitos positivos, como compensação no peso colhido e na valoração do caqui, e um efeito negativo na variedade Fuyu (polpa branca) por aumentar a incidência da anomalia do descolamento do cálice.
Figueiro
Cultura em início de colheita, demonstrando as plantas elevado número de figos (alta produtividade de frutas), podendo refletir-se em grandes produtividades dos figueirais. Pomares com boa sanidade e vigor mediano.
Quivizeiro
Pomares evidenciando deficiente brotação e baixo florescimento, traduzindo-se em pouca carga de frutas. Estas, porém, podendo ganhar maior calibre. Plantas com boa sanidade. Potencial produtivo em definição (frutos em crescimento), com previsão de início colheita em março.
Pereira
Plantas com escassa brotação e pouco florescimento, situação agravada pela necessidade de polinização cruzada, sendo a mesma afetada sensivelmente pelas altas temperaturas de setembro.
Morangueiro
Espécie que se ressentiu do calor ocorrido em setembro. Apresentou uma exuberante produtividade na primeira florada, sendo as posteriores abaixo da média. Frutos de excelente qualidade, com produtividade dentro da média. Apesar do aumento constante de produção e oferta da fruta, a valoração se manteve boa em todo o período de colheita.
Goiabeira
Cultura mostra uma elevada produtividade e muito boa sanidade dos pomares, antagonizando a safra anterior, que enfrentou sérios obstáculos. Preocupação atual é com precificação e colocação de toda a produção. Início da colheita previsto para fevereiro, nos locais mais quentes.
Amoreira Preta
Boa produtividade e frutos de calibre bem acima da média, com ótima sanidade, tanto das amoras quanto das plantas. Preço auferido ficou abaixo do esperado.
Mirtileiro
Colheita se encaminha para o encerramento, tendo uma produtividadeum pouco abaixo da média. Plantas com boa sanidade e frutas de ótima qualidade. Fluxo comercial sem maiores entraves, porém, já se ressintindo da concorrência da fruta importada.
Framboeseira
Com brotação deficiente por efeito do pouco frio hibernal, a cultura se comportou dentro do esperado, com produtividade um pouco aquém da média. Comercialmente, a fruta in natura manteve preços remuneradores. Por outro lado, houve forte queda na valoração da fruta congelada para indústria, devido aos grandes volumes importados pelas processadoras.
Laranjeira
Frutífera em início de frutificação, com plantas de ótima sanidade. Número de frutos abaixo da média, com clara evidência de produtividades abaixo da média. No entanto, boa parte da ausência de frutos pode ser compensada pelo calibre/peso das laranjas a serem colhidas.
Bergamoteira
Plantas com bom vigor e ótima sanidade. Pegamento de frutos abaixo da média, antevendo-se produtividade menor do que a esperada. Fato positivo é a pouca necessidade de raleio de bergamotas, reduzindo o custo de produção e a geração de frutas de calibre maior, auferindo maiores precificações.
Tab. 01 Comparação da produção das espécies frutíferas e variações percentuais.
Espécie de Fruta Produção em t % Variação
16-17/17-18
Média
2016/17
2017/18
Uva¹ 720.000 850.000 720.000 - 15
Maçã² 400.000 430.000 340.000 - 21
Pêssego 51.000 61.000 35.700 - 41
Ameixa 12.000 18.000 3.600 - 80
Caqui² 18.000 22.000 9.000 - 59
Figo² 1.600 1.600 1.950 + 22
Quivi² 4.320 5.250 1.250 - 76
Pera 3.080 3.920 1.680 - 57
Morango 12.500 15.000 15.000 0
Goiaba² 720 600 880 + 47
Mirtilo 210 240 180 - 25
Framboesa 335 380 315 - 17
Amora preta 2.150 2.820 2.350 - 17
Laranja² 21.250 25.000 15.000 - 40
Bergamota² 14.250 17.100 11.400 - 33
Totais 1.261.415 1.452.910 1.158.305 - 20,3
¹ - Somatório das uvas produzidas com propósito comercial.
² - Produtividades estimadas antecipadamente, podendo ainda sofrer alterações consideráveis, principalmente pelos efeitos das condições climáticas.
Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar - Regional de Caxias do Sul
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