Jornada da viticultura Gaúcha reúne produtores em Faria Lemos

Imagem: Divulgação/Ibravin


Com a participação de 380 viticultores de diversos municípios dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, entre eles um grupo expressivo de associados da Cooperativa Agroindustrial Pradense e do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Antônio Prado, demonstrou, mais uma vez, a força e a capacidade de articulação dos viticultores gaúchos e catarinenses. Com organização da Comissão Interestadual da Uva, Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e Governo do Estado do RS, a 18ª Jornada da Viticultura Gaúcha, realizada no dia 27 de junho, no distrito de Faria Lemos, interior de Bento Gonçalves, abordou temas importantes como qualificação e valorização da produção, competividade por meio da redução de tributos, políticas públicas como a Lei do Preço Mínimo e assistência técnica e extensão rural (Ater).

O coordenador da Comissão Interestadual da Uva e vice-presidente do Ibravin, Marcio Ferrari, falou alguns dos objetivos das entidades que representam os viticultores, como o aumento da subvenção do seguro agrícola, fiscalização dos produtos derivados da uva, ampliação de Ater, melhoria da infraestrutura no meio rural - rodovias e comunicação, em especial - e reajuste no preço mínimo que cubra os custos totais de produção. Ferrari destacou, ainda, a busca pela redução dos juros do Pronaf e do prazo para o pagamento da safra. “O setor ocupa a sétima colocação em produção no estado do Rio Grande do Sul, somos responsáveis por 5,6% do PIB agropecuário gaúcho. Só no RS são mais de 14 mil propriedades, o que demonstra que temos força e precisamos de um olhar mais atentos dos governos para as nossas demandas”, reivindicou.

O diretor de Relações Institucionais, Carlos Paviani, apresentou alguns dados que demonstraram que o mercado de vinhos no Brasil está crescendo, mas que grande parte deste incremento se deve ao aumento das importações, especialmente no ano de 2017. “Tivemos um aumento de mais de 30% nas importações no ano passado e um acréscimo de cerca de 5% nas vendas de vinho nacional. Neste ano estamos projetando um cenário mais favorável para o vinho brasileiro devido a fatores como a diminuição da produção na Europa e na América do Sul e ao câmbio, com o dólar em elevação que acaba nos beneficiando também”, explicou.

Paviani citou como conquistas setoriais importantes a inclusão das micro e pequenas vinícolas no Simples Nacional, o registro dos primeiros produtores de vinho colonial e a aquisição de equipamentos para o Laboratório de Referência Enológica (Laren). Avanços na legislação brasileira com relação aos Padrões de Identidade e Qualidade (PIQs) também foram mencionados pelo dirigente.

Outro tema que foi debatido com os viticultores foi à assistência técnica e extensão rural (Ater). O agrônomo Leandro Venturin apresentou o novo modelo que está sendo implementado a partir deste ano no estado, com acompanhamento das famílias durante quatro anos, sendo que nos últimos dois períodos o custo é dividido com os beneficiários. Uma das inovações é a exigência de participação dos jovens e mulheres como estímulo à sucessão rural e envolvimento de todo núcleo familiar na atividade. Venturin também mostrou com números os benefícios do trabalho realizado de forma direta com os produtores, desde 2006 até este ano, com centenas de famílias na Serra Gaúcha. “Temos como objetivo o foco na sustentabilidade econômica, social e ambiental dos viticultores, a melhoria da qualidade e da produtividade nas propriedades”, resumiu. “Conseguimos isso através da racionalização e, consequentemente, diminuição do uso de agrotóxicos, aproximação dos produtores com as demandas da indústria para que a uva tenha colocação e seja melhor remunerada e a aprimoramento das técnicas de manejo, em especial na adubação e também na condução da videira. Todos esses elementos contribuem para a diminuição dos custos de produção”, detalhou.

O ciclo de apresentações foi encerrado com a meteorologista Stael Sias mostrando uma previsão do clima para os próximos meses. De acordo com ela, está prevista a incidência do fenômeno El Niño para o último trimestre do ano, mas que deve ser de intensidade fraca ou moderada. “Sem dúvida será bem menos intenso ao registrado em 2015, que acabou provocando uma quebra de safra histórica de 57% no ano seguinte”, garantiu.

A 18ª Jornada da Viticultura teve o apoio da Secretaria da Agricultura, Pesca e Irrigação (Seapi), por meio do Fundo de Desenvolvimento da Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul (Fundovitis).

Participaram do encontro o deputado estadual Elton Weber, presidente da Frente Parlamentar da Vitivinicultura e Fruticultura da Assembleia Legislativa do RS; o secretário geral de Governo e de Saúde de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal; o diretor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag/RS), Olir Schiavenin; e o chefe do escritório da Associação Riograndense Empresa Técnica Extensão Rural (Emater/RS - Ascar) de Bento Gonçalves, o enólogo Thompson Didoné.

Com informações do IBRAVIN. 

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