Homenagem aos agricultores mortos no conflito de 1936

Por Stela Pastore


Imagem  divulgação
Historiador Valdemir Guzzo falou de sua pesquisa e apresentou seu livro que aborda o episódio que vitimou quatro pessoas e enlutou a região. 

Os agricultores Antônio Perosa, Pedro Pastore e Vitório Meneguzzi, mortos do conflito ocorrido em 25 de maio de 1936 no centro da cidade, foram homenageados com um memorial pela comunidade da Capela São Pedro, na Linha Trajano, em Antônio Prado. No episódio ocorrido há 82 anos, também faleceu o delegado de polícia, Armindo Cesa.

A inauguração da placa ocorreu no dia 2 de novembro, quando foi rezada missa, e ocorreu também palestra e lançamento de livro sobre o tema. À noite, cerca de 200 pessoas participaram de um jantar alusivo no Salão da capela.

O ato teve o objetivo de buscar o reconhecimento público de todas as vítimas deste triste episódio, destacando a necessidade da reconstrução do fato histórico com todas as suas nuances para corrigir um desvio que precisa ser resgatado para cicatrizar as dores e lacunas nas famílias envolvidas, já que há, ainda, no prédio da Prefeitura do município uma placa fixada no ano do ocorrido, onde é citado apenas um dos mortos no conflito.

Pesquisa e livro 

“É importante realizar essa homenagem para resgatar um episódio que marcou a região e que precisa de reconhecimento e reparos”, registrou o professor e historiador Valdemir Guzzo, que detalhou o fato que marcou a comunidade. O conflito marcou fortemente essa localidade rural que teve várias de suas famílias enlutadas pelos mortos e feridos durante a fatalidade. “As lembranças daquele episódio ainda estão muito presentes na memória dos envolvidos”, concluiu Valdemir Guzzo que é autor do livro “Antônio Prado: religião, política e etnias no conflito de maio de 1936”, apresentado na atividade.

Reparação histórica 

Por meio de documentos e depoimentos, o estudo transformado em livro, analisa aspectos políticos, religiosos e sociológicos que resultaram no conflito na Praça Garibaldi durante uma manifestação de agricultores, descontentes com a alta de impostos entre outras circunstâncias que motivaram os protestos. O estudo de Guzzo concluído em 1996, resultado de sua pesquisa científica para a dissertação de mestrado em História na Universidade de Caxias do Sul (UCS), descortina informações que iluminam o acontecimento.

O pesquisador apurou as motivações do protesto e a conjuntura na qual ocorreu a tragédia, ainda nominada por alguns com termos como a “guerra” ou “revolução”, entre outras construções que povoam o imaginário popular. “Gestos de bondade e justiça não podem ficar esquecidos. Quero parabenizar essa comunidade que sentiu a necessidade de perpetuar esse fato para que não aconteça mais e honrar a memória desses três irmãos que tiveram suas vidas tiradas de forma covarde”, registrou o padre João Panazzolo, durante inauguração do memorial, que contou com a participação dos descendentes das vítimas.
 Imagens Divulgação 




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